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Entendendo as Estereotipias no Autismo e Como Lidar com Elas

Atualizado: 17 de jan.

As estereotipias são comportamentos repetitivos e frequentemente observados em pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

Esses comportamentos, que incluem movimentos como balançar as mãos (flapping), rodar objetos, repetir frases (ecolalia) ou observar coisas de ângulos diferentes, muitas vezes são mal compreendidos pela sociedade. No entanto, as estereotipias têm funções importantes, especialmente para a autorregulação emocional e sensorial.


O Que São Estereotipias e Qual Sua Função?


As estereotipias são formas de comportamento repetitivo que podem ser motoras (movimentos do corpo), verbais (como a ecolalia) ou relacionadas a objetos (como girar ou alinhar itens). Elas servem, principalmente, como mecanismos de autorregulação, ajudando a

pessoa autista a lidar com:

  • Sobrecargas sensoriais;

  • Emoções intensas (como ansiedade ou excitação);

  • Necessidade de controle e previsibilidade no ambiente.


Devo Restringir as Estereotipias?

Nem todas as estereotipias precisam ser restringidas. É importante avaliar:

1. A função da estereotipia: Se está ajudando a criança a se autorregular sem causar prejuízos, não é necessário intervir.

2. O impacto social: À medida que a criança cresce, alguns comportamentos podem causar estranheza e aumentar o risco de bullying.

3. O prejuízo funcional: Se a estereotipia interfere no aprendizado, na interação social ou nas atividades diárias, pode ser importante redirecionar ou oferecer estratégias alternativas.


Como Lidar com Estereotipias em Crianças Mais Velhas ou Adolescentes?

Para adolescentes que ainda apresentam comportamentos como o flapping, é essencial balancear a necessidade de autorregulação com a adaptação social.


Aqui estão algumas estratégias:

Conscientize a criança ou adolescente: Explique o que são as estereotipias e ajude-o a entender quando e onde elas podem ser mais adequadas.


Ofereça alternativas: Ajude a encontrar comportamentos mais sutis ou socialmente aceitos que tenham a mesma função de autorregulação. Por exemplo, em vez de flapping, usar uma bola antistress ou um movimento menos evidente.


Trabalhe com a sociedade: Promova a conscientização nas escolas e nos ambientes frequentados pela criança para que os outros compreendam que as estereotipias não são algo “errado”, mas uma necessidade do indivíduo.


Apoio emocional: Prepare a criança para possíveis reações externas, fortalecendo sua autoestima e resiliência.


Conscientização e Inclusão: O Papel da Sociedade


Embora a sociedade tenha evoluído na compreensão do autismo, ainda há um longo caminho a percorrer. Informar as pessoas sobre as estereotipias e suas funções pode reduzir preconceitos e abrir caminho para um ambiente mais inclusivo.


Explique que as estereotipias não são manias ou vícios mas uma forma de o autista se conectar com o mundo e lidar com estímulos.

Incentive a empatia: crianças e adolescentes autistas não devem ser excluídos ou ridicularizados por se comportarem de maneira diferente.


As estereotipias não são exclusivas do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Crianças com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) ou que enfrentam níveis elevados de ansiedade também podem apresentar comportamentos repetitivos semelhantes. Esses comportamentos frequentemente servem como mecanismos de autorregulação em resposta ao estresse ou à sobrecarga sensorial.


Conclusão

As estereotipias são uma característica importante do autismo, desempenhando um papel essencial na autorregulação emocional e sensorial. Restringir esses comportamentos só deve ser considerado quando há prejuízos significativos ou risco de exclusão social. O mais importante é equilibrar as necessidades do indivíduo autista com as demandas do ambiente, sempre respeitando sua singularidade e promovendo um mundo mais inclusivo e compreensivo.




Referências

American Psychiatric Association. DSM-5: Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders. 5th ed. Washington, DC: APA, 2013.

Silberman, S. Neurotribes: The Legacy of Autism and the Future of Neurodiversity. New York: Avery Publishing, 2015.

Organização Mundial da Saúde (OMS). Transtornos do Neurodesenvolvimento e Inclusão. Disponível em: OMS.



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